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Personagens do Advento

por: Pe. Valter M Goedert
“Guarda, pois, a palavra de Deus, porque são felizes os que a guardam; guarda-a de tal modo que ela entre no mais íntimo de tua alma e penetre em todos os teus sentimentos e costumes. Alimenta-te deste bem e tua alma se deleitará na fartura” (Sermão V: “in adventum Domini”).


Isaías

Isaías é o profeta da esperança messiânica.Ele anuncia com alegria os tempos do Salvador: O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz!

“Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo, abra-se a terra e brote o Salvador” (Is 45,8)!

“Dizei aos tímidos: coragem, não temais, eis que chega o nosso Deus, ele mesmo vai salvar-nos” (Is 35,4)!

“Alegrem-se os céus e exulte a terra, porque o Senhor nosso Deus virá e terá compaixão dos pequeninos”. (Is 49,13)!

Sobre seus ombros ele recebeu o poder e lhe foi dado este nome: Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz (Is 9,1-6).

Só Deus defende seu povo, porque está próximo (51,22), intervém no seu destino (46,4), conduz a história (55,8-11), resgata Israel gratuitamente (55,1), para o louvor de sua glória (42,8). Israel será para sempre exaltado (2,11).

O Novo Testamento retoma a esperança messiânica, finalmente realizada. A oração do 1.º domingo do Advento implora: “Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro de Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”.


João Batista

Lembrando o profeta Isaías, Marcos dá início ao seu Evangelho anunciando: “Eis que envio o meu mensageiro diante de ti, a fim de preparar o teu caminho; voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, tornai retas suas veredas” (1,2-3; Is 40,3-4).

Ele é o homem da penitência, rejeita o supérfluo, cultiva a simplicidade, prega a justiça e o direito. No entanto, ele não se achava digno nem de desatar as sandálias do Messias do qual ele preanuncia a vinda (Mt 3,11). Assim ele se diminui a fim de que o Senhor cresça (Jo 3,30).

Pela sua extraordinária personalidade, até hoje, o espírito e a virtude de João precedem o Advento e iluminam o caminho dos cristãos dando testemunho da luz (Jo 1,6).


Maria

Maria é a flor nascida de Jessé, glória de Jerusalém e alegria de Israel. Ela não surge por acaso, na última hora, mas é a eleita de Deus desde toda a eternidade. O Altíssimo a preparou para si; os anjos a guardaram; os profetas a prometeram. Salomão a predisse na imagem da mulher forte; Jeremias a vê na mulher que traz o homem no seio; em Isaías é a Virgem.

Maria, a Bendita entre todas as mulheres, é a mãe do Filho do Altíssimo (Lc 1,32-33) e a bem-aventurada porque acreditou e percebeu a grandeza do mistério da Encarnação que, através dela, se realizava. Ela tornou-se mãe, em primeiro lugar por ter pronunciado seu SIM à vontade do Pai.

São Bernardo, em uma de suas homilias em louvor da Virgem Mãe, comenta:
“Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna” (Liturgia das Horas, 20 de dezembro).

Maria é modelo de acolhimento. Ela concebeu o Verbo em seu coração, gerou-o em seu ventre, deu-o à luz na manjedoura, apresentou-o a Jahweh no Templo, educou-o em Nazaré, acompanhou-o na vida pública, caminhou com ele até a cruz, se alegrou com sua Ressurreição, recebeu com os Apóstolos a plenitude do seu Espírito, adormeceu nos braços da Igreja e foi coroada rainha nos céus.

Todas as gerações a chamarão bem-aventurada, porque o Senhor fez e faz maravilhas em e por sua serva.